Dentista de 37 anos é o suspeito de ser o ‘Maníaco da Peruca’
Com prisão temporária decretada, acusado de matar três pessoas ligadas à rede de clínicas odontológica está foragido

A forma sorrateira dos três ataques e o uso de peruca, como disfarce em dois deles, deixaram rastros. O mistério que parecia reinar absoluto nos atentados contras pessoas ligadas à Clínica Dentária Americana não existe mais.
Depois de intrigar a Polícia Civil na região por mais de um ano, os crimes em série que deixaram três mortos e dois feridos são considerados elucidados, quanto à sua autoria e ao suposto motivo. Para os policiais, isso equivale a esclarecimento por completo.
O Setor de Homicídios da Delegacia Especializada Antissequestro (Deas) de Santos aponta o dentista Flávio do Nascimento Graça, de 37 anos, como o serial killer da peruca. Com prisão temporária decretada pela Justiça, ele está foragido.
Testemunhas, entre as quais ex-colegas de faculdade, reconheceram o suspeito por imagens de câmeras de segurança obtidas pela Deas. Ele também foi apontado por uma mulher, com “90% de certeza”, como sendo o autor dos cinco tiros que a atingiram.
A vítima sobrevivente é S.A., de 40 anos. Ela sofreu emboscada no início da manhã de 23 de setembro de 2015, logo após prender com corrente e cadeado a sua bicicleta, na Rua Marcílio Dias, no Gonzaga.
Esterilizadora dos instrumentos da filial da clínica Americana localizada na Avenida Marechal Floriano Peixoto, perto do local do crime, S.A. trabalhou, entre 2007 e 2008, em um dos dois consultórios que Flávio possuía em São Vicente. Ambos faliram.
Com peruca loira e óculos de sol, o acusado não foi reconhecido pela ex-funcionária no momento da tocaia. O reconhecimento ocorreu após ela receber alta, depois de ficar 17 dias hospitalizada, e ser convidada para reexaminar as imagens das câmeras.
“Ela justifica que tudo foi muito rápido, além de o autor dos disparos estar com a peruca e os óculos escuros. Mas o achou bastante parecido com o ex-patrão ao vê-lo em outras imagens, sem os disfarces”, diz o chefe dos investigadores Marcelo Canuto.
Essas filmagens também são de câmeras da Marcílio Dias, porém, de alguns dias antes da tentativa de homicídio de S.A. Com os mesmos tênis, bermuda e camiseta usados por ocasião do crime, Flávio passa pela rua como se realizasse o levantamento do local.
Hipóteses não faltaram quando houve o primeiro crime. Mas por causa dos requintes de execução sumária do assassinato do empresário Agilson Correa de Carvalho, de 54 anos, vingança ou acerto de contas foram as mais cogitadas.Dono da Clínica Dentária Americana, rede com quatro consultórios odontológicos, sendo dois em Santos e outros dois em São Vicente, Agilson foi atacados pelas costas, no início da madrugada de 23 de dezembro de 2014.
Junto com um sobrinho, com quem trabalhava e que escapou ileso, Agilson acabara de sair da unidade da Floriano Peixoto, no Gonzaga, quando um homem o baleou na nuca e no antebraço. Em seguida, o atirador fugiu correndo pela Rua Pereira Barreto.
O empresário faleceu após 72 horas e o homicídio abriu um leque de especulações sobre a sua motivação. Eventuais insatisfação de pacientes da clínica com o atendimento, dívida e até causa passional foram apuradas, mas nada nesse sentido se confirmou.
Sem avançar nas investigações, a Polícia Civil foi surpreendida por uma nova investida do atirador até então desconhecido. Na noite de 15 de julho de 2015, dois irmãos e um sobrinho de Agilson também foram baleados, no Centro de Santos.
Os três haviam acabado de sair da filial da clínica da Rua João Pessoa, quando pelas costas deles surgiu um atirador que usava peruca estilo black power. Aldacy Correa de Carvalho, de 56 anos, não resistiu aos ferimentos e morreu no local.
Atingido na cabeça, Arnaldo Correa de Carvalho, de 54, ficou hospitalizado e faleceu em novembro. O sobrinho, de 21 anos, não morreu por sorte, porque os disparos o atingiram de raspão no nariz e na nuca.
Com o segundo caso, hipóteses relacionadas a alguma causa pessoal, ligadas diretamente às vítimas, perderam força. Suposta motivação empresarial surgiu como nova linha de investigação, reforçada após o atentado contra a funcionária da clínica.
Via: A Tribuna online